No mundo de hoje, dentre tantas crises e dilemas, vivemos uma crise de valores e de inversão de valores. Nas escolas os professores, atualmente, se veem diante de situações além de desinteresse de alunos que não querem aprender, situações de agressividade, de preconceitos, ações machistas etc. O contexto social e cultural desses alunos coloca para a escola e seus professores novos dilemas focados na dimensão humana e relacional de ensino.
Ensinar hoje é diferente do que era há vinte anos. Fundamentalmente, porque não tem a mesma dificuldade trabalhar com um grupo de crianças homogeneizadas pela seleção ou enquadrar a cem por cento as crianças de um país, com os cem por cento de problemas sociais que essas crianças levam consigo. Daí o desencanto que atinge muitos professores, que não souberam definir o seu papel perante esta nova situação. (Nóvoa, 1995, p.96)
Para este combate os educadores precisam estar preparados, não apenas cientificamente, alimentados de saberes e práticas interessantes, contudo, os educadores necessitam sem sombra de dúvida estar preparados psicologicamente. Necessitam estar equilibrados e lúcidos. “Os professores são criticados por não garantirem na escola aquilo que a sociedade não consegue fora dela”. (Nóvoa, 2002, pg. 57).
É consenso abordar esse tema em meu Projeto de Pesquisa, pois o mal-estar docente ou Burnout, como é mais conhecido, tem levado muitos dos nossos bons profissionais ao esgotamento total (físico, emocional e mental), pois as exigências que foi acarretada durante esses anos de transformações da educação, desencadearam esse estresse, ao ponto de desistirem do combate, ou não resistirem ao combate.
O professor é o profissional que trabalha com o ser humano, cuida portanto do desenvolvimento do próximo e seu maior objetivo é a aprendizagem, assim, a relação afetiva entre o professor e aluno é fundamental e vai além do conhecimento. Isso é a maior causa do desgaste profissional do professor.
Atualmente nas escolas é possível encontrar professores que fazem muito mais do que as condições de trabalho lhes permitem, essa sobrecarga e mudança de ensino é causador do esgotamento físico e mental. Devido a tanta exigência, ocorre então a existência do conflito entre trabalho e família, percebendo-se o aumento de exaustão emocional e desgaste físico. Embora, muitos professores sintam-se exausto emocionalmente e fisicamente, a maioria ainda acredita e realiza-se em sua profissão, mesmo sendo sacrificante.
A realidade social e econômica em nosso país, fez com que os profissionais da educação se vejam encurralados diante do desafio de construir uma escola para todos e vencer limites impostos pela organização do trabalho.
Ser professor é uma tarefa que envolve riscos. Ainda que não sejam aparentes, como os que enfrentam um policial ou um bombeiro, eles existem e podem limitar o desempenho na docência. Um deles é a Síndrome de Burnout, ou síndrome do esgotamento profissional. Apesar de ser um sofrimento vivido por muitos profissionais de diversas áreas, a síndrome de Burnout acomete de forma mais acentuada profissionais da área da saúde, segurança e educação. São profissionais que enfrentam eventos estressores constantemente no ambiente de trabalho, além de um intenso e contínuo envolvimento emocional.
Exaustão ou esgotamento de energia;
Aumento do distanciamento mental do próprio trabalho;
Redução da eficácia profissional.
Como ocorreu em muitas profissões, o trabalho do professor passou por profundas mudanças. O aumento de exigências e responsabilidades atribuídas ao professor com a massificação do ensino não foi acompanhado por maiores investimentos financeiros e a escassez de recursos materiais e as de cientes condições de trabalho dificultam a docência.
O professor está sobrecarregado, acredita que muitos deles fazem mal o seu trabalho devido a incapacidade de cumprirem um enorme leque de funções.
Para além das aulas, devem desempenhar tarefas de administração, reservar tempo para programar, avaliar, reciclar-se, orientar os alunos e atender os pais, organizar atividades várias, assistir a seminários e reuniões de coordenação, de disciplina ou de ano, porventura mesmo vigiar edifícios e materiais, recreios e cantinas. (Nóvoa, 1995, p. 108).
Os estudos alertam para as consequências disto, pois, este problema pode levar à falência dos sistemas de ensino. Se por um lado a proletarização do trabalho docente, as condições para o exercício da profissão, as frustrações diante da impossibilidade de se realizar na profissão, são fatores que têm levado muitos profissionais a abandonar silenciosamente a profissão; por outro, os docentes que assumem seu trabalho com compromisso que a profissão requer, estão ficando doente. É provável que se tenha cada vez mais professores afetados pela síndrome estando ainda no exercício da profissão.
Além disso, a desvalorização da profissão com baixos salários, a falta de reconhecimento da importância do trabalho docente, o desprestígio do professor permite questionar.
“Os professores precisam encontrar novos valores, novos idealismos escolares que permitam atribuir um novo sentido à ação docente”. (Nóvoa, 1995, p. 29).
É preciso, primeiramente, evidenciar de forma científica o histórico da Síndrome de Burnout, para em seguida se aprofundar suas definições e aspectos essenciais, conforme os estudos desenvolvidos sobre o assunto.
De acordo com Carlotto (apud França, 1987), Burnout é um termo inglês que indica “deixar de funcionar por exaustão de energia”. A expressão foi usada primeiramente no de 1974, por Freudenberger, que o caracteriza como um sentimento de fracasso e exaustão provocado por um alto desgaste de energia e recursos e este expõe que Maslach (1978), uma das precursoras nas pesquisas empíricas sobre a síndrome de Burnout, o estabeleceu de início como um processo que acontece pela perda de criatividade e como uma reação de desprazer e aborrecimento. Podemos comparar com um motor de um automóvel, que vai demonstrando desgaste e seu dono continua botando pressão para o funcionamento, porém, com o tempo o motor chega ao seu limite e simplesmente para de funcionar.
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